*Maria Stella Santos Graciani
Se, de um lado, o movimento juvenil político perdeu força ao longo dos últimos anos no Brasil, os jovens começaram a marcar sua presença nos movimentos sociais populares, com a proposta de utilizar a sua capacidade de mobilização para fazer sua voz ser ouvida, exercer sua cidadania e ter direito de ter direitos, por meio de outras modalidades de participação.
Vamos entender a cidadania como aquela que possibilita condições de participação e construção de instrumentos de articulação entre projetos individuais e coletivos, influindo na mudança do tecido social através do acordo assumido de responsabilização pela luta de interesses de bem estar dentro da coletividade. Essa participação ocorrerá nos espaços comunitários, públicos e sociais em geral e é o ponto central para o desenvolvimento de qualquer ser humano, uma vez que é uma necessidade humana fundamental. Como cidadãos, os jovens devem ter acesso aos meios que lhes permitam exercer essa cidadania reivindicatória, que é base para diversas ações de protagonismo juvenil.
No campo da educação, o termo protagonismo juvenil designa a atuação do jovem como personagem principal de uma iniciativa, atividade ou projeto voltado para a solução de problemas reais.
Esse ativismo pró-ativo precisa ser democrático, capaz de contribuir para o desenvolvimento pessoal e social do jovem. É preciso um novo olhar pedagógico, aguçado para as diferentes manifestações juvenis em sua integralidade, possibilitando ao adolescente liberdade de sentir, pensar e agir, numa perspectiva de romper paradigmas e passar a entendê-lo como sujeito e não como passivo.
Neste sentido, o protagonismo juvenil, instrumentalizando-se de práticas de caráter coletivo, de trocas de experiências, da construção do conhecimento, desenvolve ações buscando o fortalecimento de uma rede que se organiza em torno de devolutivas comuns. Participar, para o adolescente, é envolver-se em processo de discussão, decisão, desenho e execução de ações, visando, por meio de seu envolvimento na solução dos problemas reais, a desenvolver seu potencial criativo e sua força transformadora.
Seria assim uma forma de educação para a cidadania, com a criação de acontecimentos onde o jovem ocupa uma posição de centralidade, onde assume sua própria vida, já é capaz de ter projetos, de eleger, julgar de modo positivo ou negativo fatos e acontecimentos, ter relações de cooperação, de consenso e reflexões sobre a existência. Essa consciência cidadã é adquirida na medida em que os envolvidos se sentem ouvidos, compreendidos, capazes de influir nas decisões que afetam seu entorno e sua vida cotidiana.
Acreditamos que todos os projetos de protagonismo são uma prova autêntica das potencialidades e da enorme energia dos jovens para desempenhar atividades sociais, culturais e políticas, não em benefício próprio, mas com alto grau de entrega e responsabilidade social. Os projetos também contribuem para a criação da consciência cidadã, uma vez que os envolvidos se sentem respeitados, reconhecidos e considerados como pessoas competentes, capazes de decidir sobre suas vidas. A maioria deles está disposta a lutar para transformar a sociedade frente à violência, à miséria, à fome, à pobreza, mudar as condições de trabalho ou emprego e reduzir a desigualdade social, a discriminação, o racismo, ou seja, a mudança social, econômica e cultural é prioritária.
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